quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O papel da inclusão digital na educação musical
Tendo começado meus estudos no final dos anos oitenta pude testemunhar a mudança nas metodologias de ensino que foram decorrentes dos avanços tecnológicos.
Minha formação é em guitarra e, nesse instrumento, é muito comum pessoas se proporem a aprender de forma autodidata. Por conta disso nas bancas se proliferavam as publicações de revistas com músicas cifradas, e cursos rápidos do instrumento, nas lojas mais especializadas era a vídeo aula em fita VHS que era a tendência.
Ainda tenho guardado uma dessas revistas que possui o chamativo nome de “Toque Fácil”. Alguém lembra dessa?
Logo em seguida foi a era do CD Rom, que penso ter sido uma evolução das vídeo aulas em VHS. O CD rom já era bem mais interessante, além dos vídeos com exemplos, era mais interativo, possuía exercícios de percepção que você verificava na hora a nota do seu desempenho.
No entanto, os CDs de vídeo aula em sua maioria eram as próprias vídeo aula em VHS que haviam sido digitalizadas em um resolução baixíssima, e acredito ser por isso que a novidade não pegou, até a chegada e popularização do DVD.
Com a chegada da internet, mesmo aquela internet discada antecessora da banda larga, as revistas de cifras foram caindo no esquecimento. Me lembro que nessa época era possível imprimir uma música cifrada na página oficial que alguns artistas já tinham. Isso dava uma sensação de que devido a procedência você tinha acesso a uma informação mais fidedigna.
Mas o que sinto que foi a mudança mais significativa no campo do aprendizado em guitarra foi a chegada da banda larga e a popularização da internet, mais especificamente o youtube.
Considero que esse site foi um grande marco, porque além de permitir que se assistisse uma aula em que você aprenderia um solo de guitarra com o próprio compositor desse solo, você mesmo podia montar um tutorial de como tocar determinada música.
Hoje em dia são muitos os canais que oferecem o aprendizado no instrumento. Mesmo que esse aprendizado ainda seja superficial, parece atender a uma demanda para esse tipo de curso como o “Toque Fácil”.
Atualmente, um dos canais mais populares é o “Cifra Club”, que é derivado do site de mesmo nome, e que segundo o site “Mestres da Música” que lista os canais mais populares da internet o “Cifra Club” é:
Um dos canais mais comentados em diversos fóruns sobre o assunto. O canal tem mais de 2 milhões de inscritos, e nele você aprende de uma maneira fácil a tocar vários outros instrumentos, como violão, contrabaixo, bateria e teclado. O site Cifra Club é considerado o número 1 em termos de música. E ainda disponibiliza gratuitamente o passo a passo de diversas canções populares, nacionais e internacionais.

Nesse momento, ando flertando com a produção de conteúdo para esse tipo de canal, mas não sei por quanto tempo esse formato terá relevância, vejo muitos usuários migrarem para “apps” para celular, porém os vídeos continuam sendo acessados.
Os recursos tecnológicos como programas que emulam amplificadores ou até mesmo softwares para a prática de percepção musical já fazem parte da minha rotina há algum tempo, só me falta aquele “start” pra por tudo isso pra funcionar.
Agora, fora do âmbito dos cursos livres e tendo em vista os cursos de formação, os recursos tecnológicos aliados à educação são o novo paradigma desse século.
Já é notório o potencial do uso das novas mídias na educação, e percebo que a questão da infraestrutura é um problema menor comparado ao despreparo ou mesmo à resistência de alguns professores em integrar as novas tecnologias no seu planejamento de aula.
  Uma pesquisa divulgada em 2012 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), constata que apenas 2% dos professores da rede pública fazem uso da tecnologia como suporte em sala de aula. A mesma pesquisa apura que 92% desses mesmos professores já tem acesso a computador com conexão à internet em casa.  Por conta disso é indispensável o preparo desses professores no uso dos mecanismos tecnológicos
Ainda que um professor tenha resistência no uso dessas ferramentas como material didático, a tecnologia já está presente no nosso dia a dia, e as informações chegam de forma cada vez mais atrativa (vídeos, fotos, animações) com uma linguagem muitas vezes mais simples e direta do que a usada habitualmente em sala de aula.

Muitos obstáculos ainda precisam ser superados já que a infraestrutura que permite a inclusão digital nem sempre contempla moradores de áreas rurais, ou mesmo alguns excluídos que moram nas metrópoles, esses moradores muitas vezes não tem acesso nem a energia elétrica. Mas vale o pensamento otimista de que em breve essa inclusão tecnológica venha para todos, sem ressalvas, e que todos possam usufruir do melhor que essa tecnologia pode oferecer.


Referências:
LIRA, Davi. Só 2% dos professores usam tecnologia.  O Estado de S.Paulo. São Paulo
24 maio 2013. Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,so-2-dos-professores-usam-tecnologia-imp-,1035079> Acesso em: 09 out. 2017.


Melhores canais do Youtube para aprender a tocar guitarra. Mestres da Música. Disponível em: <http://www.mestresdamusica.com.br/guitarra/melhores-canais-do-youtube-para-aprender-a-tocar-guitarra/> Acesso em: 09 out. 2017.

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