O
papel da inclusão digital na educação musical
Tendo começado meus
estudos no final dos anos oitenta pude testemunhar a mudança nas metodologias
de ensino que foram decorrentes dos avanços tecnológicos.
Minha formação é em guitarra e, nesse instrumento, é muito comum
pessoas se proporem a aprender de forma autodidata. Por conta disso nas bancas
se proliferavam as publicações de revistas com músicas cifradas, e cursos
rápidos do instrumento, nas lojas mais especializadas era a vídeo aula em fita
VHS que era a tendência.
Ainda tenho guardado
uma dessas revistas que possui o chamativo nome de “Toque Fácil”. Alguém lembra
dessa?
Logo em seguida foi a
era do CD Rom, que penso ter sido uma evolução das vídeo aulas em VHS. O CD rom
já era bem mais interessante, além dos vídeos com exemplos, era mais
interativo, possuía exercícios de percepção que você verificava na hora a nota
do seu desempenho.
No entanto, os CDs de
vídeo aula em sua maioria eram as próprias vídeo aula em VHS que haviam sido
digitalizadas em um resolução baixíssima, e acredito ser por isso que a
novidade não pegou, até a chegada e popularização do DVD.
Com a chegada da
internet, mesmo aquela internet discada antecessora da banda larga, as revistas
de cifras foram caindo no esquecimento. Me lembro que nessa época era possível
imprimir uma música cifrada na página oficial que alguns artistas já tinham.
Isso dava uma sensação de que devido a procedência você tinha acesso a uma informação
mais fidedigna.
Mas o que sinto que foi
a mudança mais significativa no campo do aprendizado em guitarra foi a chegada
da banda larga e a popularização da internet, mais especificamente o youtube.
Considero que esse site
foi um grande marco, porque além de permitir que se assistisse uma aula em que
você aprenderia um solo de guitarra com o próprio compositor desse solo, você
mesmo podia montar um tutorial de como tocar determinada música.
Hoje em dia são muitos
os canais que oferecem o aprendizado no instrumento. Mesmo que esse aprendizado
ainda seja superficial, parece atender a uma demanda para esse tipo de curso como
o “Toque Fácil”.
Atualmente, um dos
canais mais populares é o “Cifra Club”, que é derivado do site de mesmo nome,
e que segundo o site “Mestres da Música” que lista os canais mais populares da
internet o “Cifra Club” é:
Um dos canais mais
comentados em diversos fóruns sobre o assunto. O canal tem mais de 2 milhões de
inscritos, e nele você aprende de uma maneira fácil a tocar vários outros
instrumentos, como violão, contrabaixo, bateria e teclado. O site Cifra Club é
considerado o número 1 em termos de música. E ainda disponibiliza gratuitamente
o passo a passo de diversas canções populares, nacionais e internacionais.
Nesse momento, ando
flertando com a produção de conteúdo para esse tipo de canal, mas não sei por
quanto tempo esse formato terá relevância, vejo muitos usuários migrarem para “apps”
para celular, porém os vídeos continuam sendo acessados.
Os recursos tecnológicos
como programas que emulam amplificadores ou até mesmo softwares para a prática
de percepção musical já fazem parte da minha rotina há algum tempo, só me falta
aquele “start” pra por tudo isso pra funcionar.
Agora, fora do âmbito
dos cursos livres e tendo em vista os cursos de formação, os recursos
tecnológicos aliados à educação são o novo paradigma desse século.
Já é notório o
potencial do uso das novas mídias na educação, e percebo que a questão da
infraestrutura é um problema menor comparado ao despreparo ou mesmo à
resistência de alguns professores em integrar as novas tecnologias no seu
planejamento de aula.
Uma pesquisa divulgada
em 2012 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), constata que apenas
2% dos professores da rede pública fazem uso da tecnologia como suporte em sala
de aula. A mesma pesquisa apura que 92% desses mesmos professores já tem acesso
a computador com conexão à internet em casa. Por conta disso é indispensável o preparo
desses professores no uso dos mecanismos tecnológicos
Ainda que um professor
tenha resistência no uso dessas ferramentas como material didático, a
tecnologia já está presente no nosso dia a dia, e as informações chegam de
forma cada vez mais atrativa (vídeos, fotos, animações) com uma linguagem
muitas vezes mais simples e direta do que a usada habitualmente em sala de aula.
Muitos obstáculos ainda
precisam ser superados já que a infraestrutura que permite a inclusão digital nem
sempre contempla moradores de áreas rurais, ou mesmo alguns excluídos que moram
nas metrópoles, esses moradores muitas vezes não tem acesso nem a energia
elétrica. Mas vale o pensamento otimista de que em breve essa inclusão
tecnológica venha para todos, sem ressalvas, e que todos possam usufruir do
melhor que essa tecnologia pode oferecer.
Referências:
LIRA, Davi. Só 2% dos professores usam
tecnologia. O Estado de S.Paulo.
São Paulo
24 maio 2013. Disponível em:
<http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,so-2-dos-professores-usam-tecnologia-imp-,1035079>
Acesso em: 09 out. 2017.
Melhores canais do Youtube para aprender
a tocar guitarra. Mestres da Música. Disponível em: <http://www.mestresdamusica.com.br/guitarra/melhores-canais-do-youtube-para-aprender-a-tocar-guitarra/>
Acesso em: 09 out. 2017.
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